Tome amor por favor!

Antes de tudo é importante ressaltar, morro lutando, mas não luto com quem usa o ódio pra vencer a causa que seja. Vivemos uma época importante, vejo muitos acordarem para as opressões que sofrem, na mesma medida que vejo outros tantos se vingando, buscando abrir caminho para a tal "liberdade" através de ações e atitudes opressoras. Não podemos esquecer que fomos educados por um sistema que ensina a castigar, a julgar, a jogar em fogueira, a excluir, crucificar, chicotear e matar quem vai contra o "certo". Precisamos, antes de colocar o ódio afrente, analisar, pensar, refletir, estudar e só depois de montar o quebra cabeça agir, lembrando que a palavra escrita ou falada é uma ação tão afiada e mortal quanto uma espada, um tiro de revolver e até mesmo a forca. Precisamos investigar minuciosamente nosso papel humano neste jogo, precisamos desconstruir o que nos separa, afinal de contas, todos nós dividimos a mesma cadeia de DNA, o mesmo carbono, a mesma matéria prima. 

Vivemos cercados de pessoas feito nós, com suas limitações, com suas capacidades, possibilidades e buscas. Aprendemos desde cedo a nos diferenciarmos e muitas vezes é mais fácil simplesmente seguir a natureza em nós, que é a do conflito, do vulcão em erupção, do embate entre atômos, dos maremotos, dos leões brigando pela caça, das bactérias em nosso organismo... Só que viemos com uma inteligência especial, capaz de raciocinar antes de agir por impulso ou instinto, uma inteligência que nos permite, através de um olhar analítico, ver por exemplo quem são nossos reais inimigos, quem de fato ameaça nossa existência propositalmente. O que mais vejo são irmãos brigando entre irmãos, pretos vendo outros pretos como inimigo, mulheres tendo outras como inimigas, pobre matando pobre, negros contra brancos, brancos contra o mundo, e o "mundo" esmagando a todos. Não tentem me convencer que é separando que chegamos a harmonia. Prefiro acreditar numa consciência universal, onde seres humanos se esforcem para entender que todos, opressores e oprimidos, somos vitimas nesta guerra de egos, por um poder que de nada vale. Homens poderosos, endinheirados, que para usufruir da vida tem que estar cercados por seguranças... Pessoas que tem medo de outros seres humanos por não terem a mesma "educação e pedigree", que vão passar a vida sentados em milhares de dólares com medo do diga que os excluídos vão bater a sua porta, sequestrar seus entes, roubar seus bens, ameaçar sua "Paz". 


Estamos cegos! Estamos cheios de raiva e rancor e precisamos nos olhar no espelho e ver isso em nós, porque isso nos causa doenças físicas, mentais e sociais. Como lutar por aqueles que sofrem se nosso sofrer contaminar a luta?


Precisamos aprender a colocar os pingos nos " i's ". Ouço tantos pedindo por "Mais amor por favor" e poucos " Tome amor por favor". Para que a mudança aconteça, para que a tal revolução aconteça precisamos nos esforçar, nos movimentar, e nos vermos como um. 


Nenhuma luta contra o mal esta acima da outra, até porque não há nada que possa medir a violência. Uma mulher que é encoxada no coletivo, uma pessoa preta que é humilhada pela policia, um transexual que é dado como demonio por um pastor, uma criança usando Crack pra vencer a fome, uma idosa deixada de lado a mendigar carinho, um terreiro de Candomblé destruido por fanáticos cristãos, um filhote de animal sendo triturado vivo para matar nossa "fome", índios sendo mortos e queimados para que o Brasil produza mais soja... 


Com o que de fato estamos preocupados? O que de fato nos preocupa? Vivo me perguntando isso... Buscamos por privilégios ou por igualdade, respeito, harmonia entre irmãos? 


Eu mesmo, por vezes deixei o ódio gritar em mim mais que tudo...


Mas minha raiva não me da o direito de oprimir e é pra isso que serve ser "racional".


Acredito e ninguém vai me tirar da cabeça que o mundo é um grande espaço de convívio e troca, seja de culturas, línguas, genes, idéias, afetividades e informações.

Precisamos sim combater a tudo que nos inferioriza em relação a outro ser humano, afinal quem somos nós pra nos acharmos tão superiores a ponto de nos acharmos a norma, a regra valida, o "correto"?
Há 126 anos atrás Princesa Isabel assinava uma lei que dizia ser de "liberdade"
Coisa que desde os primórdios da filosofia até hoje buscamos descobrir o que é... Feito o amor... Por isso acredito que amor é liberdade e o que margeia ambos, quando pensamos em paz é a busca.


Lutemos!