mas tem que pisar... meu peito tá doendo demais

 Quero transformar essas lágrimas em luz

quero transformar em poesia, em letra, em canção.

Nunca imaginei que doia tanto

O peito realmente doi

A respiração para por alguns segundos

E demora para se recuperar o fôlego.

Apesar de saber que escolhemos o melhor caminho

O caminho desconhecido é medonho

Sim, seria muita mentira de minha parte dizer que o desconhecido

é uma terra gostosa de se caminhar



O medo, a incerteza, 

o pisar em terras nunca pisadas

o pisar

o pisar

mas tem que pisar

tem que ter coragem de continuar a caminhada

para então podermos de fato

encontra essa luz 

essa luz da qual quero transformar essas lágrimas

dói, dói, dói

dói

nunca imaginei que sentiria tudo isso dentro de mim

uma dor tão forte

parece que não terei forças de caminhar

apesar de saber que eu tenho sim

eu tenho sim essa força

tenho 

vou

pisar


meu peito ta doendo demais

e eu sei que ninguém vai me salvar

(27/11/2020)



Quando que isso aconteceu?

Queria entender quando colocaste nosso amor na lista de obrigações?
Quando a troca de nosso calor ficou numa caixinha de deveres a serem cumpridos
Quando nossos beijos ficaram distantes, ou virou 80 anos de casado?

Quando parou de fluir, como todo sexo deve ser, natural, e sem muitos pensamentos...
Nossos corpos juntos parecem que viraram um grande ideal, de algo super controlado e pensado, quando deveria ser um dos únicos momentos na minha vida que eu só fecho os olhos e relaxo....
Criou-se uma ideia do que deveria ser ideal? Uma encalhação de deveres e super performances?
Colocou-se numa redoma do pré-determinado...

Quando o amor não é mais o toque desprentendido no jantar?
Quando não é mais sua mão sobre minhas partes, me deixando molhada no sofá?
Quando deixou de ser menos razão? Quando deixou de ser no meio do filme, no início, ou fim, porque a vontade simplesmente acontece, não há razão para acontecer?
Quando não pude mais deixar minha mãos sobre suas coxas, e sem perceber te acariciar?
Quando virou ter uma hora certa? O momento mais adequado?
Adequado são seus braços em volta de meu corpo, e só
Quando deixou de ser a gente se descobrindo nos lençóis da cama?
Quando eles começaram a ficar encima da gente, e não no chão caídos de qualquer jeito
Quando deixou de simplesmente se olhar e sentir o outro?
Quando deixou de gozar desprendimento ao que não está bom para um relaxamento a dois?
Aquele relaxar que não tem como forma única, ou essência com uma composição só...
O penetrar, nem mesmo gozar, não precisam estar nessa composição
Tem que haver com o fluir, sentir, menos razões, menos medos... Não existem falhas... Existem toques, olhares, existe beijos sem grandes pretensões...
Existe língua.
Existe luz apagada, e dedos que frequentam aquele corpo, e tem a certeza de que aos olhos reconheceria, até aquele pequena pinta nos dedos dos pés.
Tem saliva, tem cócegas, tem se divertir, rir!
Tem bricar que vai, e não vai... Tem ficar com vontade, por sapecagem... E ninguém fugindo.
Tem sentir cada remexo do corpo, e descobrir um novo ponto de tensão, ou de tesão...
Tem sentir os pés crescendo...
Tem querer se reinventar, descobrir, e redescobrir...
Quando foi que colocaste nosso amor numa redoma de obrigações, do não se permitir?


Me enfeitei toda pra você... e acho que você sabia bem...
Só não quer mesmo...
Quando começou a me evitar?

Tem feridas que são mais difíceis de cicatrizar...
Elas lidam com aquilo que queremos esconder... de nós mesmos...


Acho ótimo a distância... assim a gente vai, se distancia, e daqui a pouco nem nos reconhecemos mais... é, podemos sorrir, e fingir que está tudo bem... E nos enganando que ignorar resolve problemas. Vamos diminuindo nossos contatos, é bom.. até que a presença nem mais fará diferença.

(12/10/2020)