Tempo

Tempo.
Sem cor
ou fragrância.
Sem forma
ou som.
Movendo-se inexorável
e interminavelmente,
persiste em seu espaço.

Tempo sem palavras.
Uma eternidade num momento,
um momento numa eternidade:
Nenhuma pausa momentânea,
nenhum sentimento.
Nenhuma distância,
nenhuma teoria.
Nem maior, nem menor.


Flui o tempo,
envolvendo o Universo,
ignorando o Homem.


Tempos de ira,
tempos de medo.
Tempos de alegria,
tempos de dificuldade.
Tempos de densidade,
tempos de vazio.
Tempos de insensibilidade,
tempos de ternura.

Tempo, o governante.
Arrogante,
imodesto.
Nada é esplendidamente
tão bem definido,
movendo-se sem expressão,
com a máscara de Nôh***,
seguro de resolver e reabsorver
todas as questões.

A todo instante,
o céu possui trovões de fúria
para o desencorajamento;
Brilhantes raios dourados
para o alegre;
Luas de cristal para o fatigado.

Ele, que num momento
confunde as mais afetuosas
esperanças do Homem
e reverte as correntes sociais.

Quem é ele?
Quem realiza essas maravilhas,
esses silenciosos atos?
É o Tempo,
o déspota absoluto.

Nenhum soberbo soberano
falha em homenageá-lo;
Mesmo arrogantes dias de glória
tornam-se retalhos sob seu olhar;
Zombeteiramente sereno,
desfecha o golpe de misericódia,
nos estratagemas
de mesquinhos Homens.

Imutável Tempo.
Um antigo filósofo do Oriente,
certa vez, pretendeu
descobrir a vida eterna
e, aplicou seu gênio
à natureza do Tempo.
Encontrou um elemento
de absoluta imutabilidade,
no eterno fluxo do Tempo.

Esse filósofo pensou
que embora o Tempo pudesse
ser realmente um déspota,
se apenas conhecêssemos
sua essência,
as leis naturais permitiriam
torná-lo o mais poderoso aliado
da Humanidade.

Poderoso é quem desvenda
as leis do Tempo.
Aquele que domina sua natureza,
lidera a maior das honrarias.
Aquele que compreende
a lei do carma,
que envolve o Tempo,
acuradamente julgará
o presente e o futuro;
Não mais iludido
pelo mundo da matéria.

O Tempo flui.
Ele flui
mutavelmente imutável;
Ele flui
infinitamente finito.
Avançando
com macroscópica visão,
colocando o suposto e o pressuposto
nas categorias
de uma arrojada metafísica
mas, apenas aqueles
que aprendem seu significado,
permanecem para sempre
com o Tempo
ao final da História.

Nota:
*** Máscaras usadas no Teatro Nôh.

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