"Sim,
Esta sou eu
Há muito...
Aquela garota ingênua morreu
Esta sou eu
Era daquelas pra casar
Hoje, pra deitar
Antes, dona de casa
Agora sem destino, sem futuro e um filho no mundo pra criar
Esta sou eu
A puta que um dia amou e confiou em alguém
Um certo alguém
Que me ensinou muito
Inclusive à não acreditar em ninguém
Por falar em ninguém...
Quem?
Quem antes de julgar, atirar pedras perguntou: -Está bem?
Se bem que nunca pedi, nunca cobrei, muito menos precisei
Já não espero um príncipe encantado daquelas histórias que garotas da minha idade geralmente acreditam
Não anseio pelo meu futuro, pois isso me foi tirado do passado ao presente
Luto hoje pelo futuro de uma criança, que mal sabe dizer seu nome
Um dia, talvez, ela negue pronunciar a porra do meu nome
Eu não ligo, só quero proteger quem amo da fome
Não a fome do ventre, mas de beijos, carinhos, e muito, muito amor do qual não tive uma centelha em vida
Me vire de ponta cabeça
Me deixe de quatro no ato
Me ligue, me encha o saco
Diga aos ventos: -Por essa puta eu pago!
Só não toque naquele que amo
Ou te devoro, te rasgo, te humilho, EU LHE MATO!"
Poema de Marlon Bassoto. Imagem do livro Puta de Marcia Marbieri.
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