Egoísta? talvez... Feliz? muito!



Quanto a mim, resta apenas ser quem sou, e quem sou é essa pessoa que ainda acredita que “fazer o bem faz bem”... fazer o quê?
Eu me considero uma pessoa privilegiada. Como sabem, sou atriz... ou estou tentando ser uma... Meu trabalho consiste basicamente em estar com pessoas, trazer a tona angústias, alegrias, medos... Além da efusiva disputa de egos que muitas vezes ocorre... Alguém já me perguntou se isso não lhe fazia mal (existem muitos  atores que sofrem depressão), ou a querer desistir da profissão... Sempre digo: NÃO! Me sinto tão bem de poder mostrar pessoas histórias, sorrisos, esperanças...

Isso foi uma das coisas importantes que aprendi com minha vida: quando uma pessoa tira de si própria o foco, quando não pensa apenas nos próprios problemas, nas próprias questões e se volta para o outro com o intuito de fazer algum bem, por incrível que pareça, isso lhe faz bem também.

Mas por que isso acontece?

Pode haver mais de uma explicação (neste mundo tudo vem em “parzinhos de opostos”, nada é só mau ou só bom!).
Podemos pensar em uma explicação menor, bem egoísta... que seria mais ou menos assim:
- Ah, você fica bem ao ajudar o outro porque se sente “bonzinho”, valorizado... o que quer dizer que na verdade queria mesmo é fazer bem para si mesmo, e não para o outro!... Bingo! (Sabe que isso pode muito bem ser uma verdade, e às vezes de fato é?)

Mas... vamos procurar o outro lado?... Também pode ser que “fazer bem” nos faça bem porque ao, nos voltar para o outro, estamos ultrapassando essa imensa separatividade que cria uma linha de desamor e medo entre as pessoas.
Pense! Somos partes de um todo. Se é verdade que a vida é indivisível, um “todo”, que funciona como uma vasta e milagrosa rede de relações, não há sentido algum em querermos o nosso bem às custas do bem do outro. Seria como se jogássemos o nosso lixo doméstico nos reservatórios da água que nós mesmos bebemos! (que pena, ainda fazemos isso)
Não há como ficarmos “bem” quando olhamos ao redor e existe tanto sofrimento. Por mais muros e blindagens que criemos, é impossível, a não ser que nos tornemos insanos! É claro que podemos fazer o nosso melhor, encontrar um ponto dentro de nós que nos permita certa paz e seguir adiante mesmo em meio a tantos desafios... mas não podemos ignorar o que nos circunda.

Para colorir um pouco este artigo cito uma singela passagem de um delicioso livro do Fernando Sabino.

O livro chama-se “O menino no espelho”. Este trechinho fala de um menino que encontra um homem “que sabe das coisas”... aí vai um pedacinho do diálogo entre os dois:

“- Você quer conhecer o segredo de ser um menino feliz para o resto de sua vida?
- Quero _ respondi.
O segredo se resumia em três palavras, que ele pronunciou com intensidade, mãos nos meus ombros e olhos nos meus olhos:

- Pense nos outros”
Achei fantástico!
“Pense nos outros“... Deixem-me, no entanto, tornar claro o que quero dizer com “fazer o bem”.

A primeira coisa que pode nos ocorrer é que para que façamos o bem precisamos ter alguma atitude humanitária. Claro! Afiliar-se a uma ONG, entrar em um grupo de voluntariado, engajar-se em trabalhos sociais... É claro que esses são caminhos bacanas aos que se sentirem sintonizados com eles, afinal existe muito trabalho a ser feito!

Mas não é disso que estou falando

No meu entender, de pouco adianta passar o dia inteiro trabalhando para ajudar as crianças carentes se chegamos em casa cansados e mal damos atenção a nossos filhos. De pouco adianta ter lindos objetivos humanitários se distribuímos farpas e mau humor por onde passamos.
“Fazer o bem”, a meu ver, é algo que pode começar sem que você precise mudar nada em sua rotina.
Se você não acredita, propomos o desafio de passar um dia apenas fazendo o bem aos outros. Esqueça por um dia de preocupar-se consigo mesmo e passe a priorizar os outros, apenas como exercício. Faça os favores que lhe pedirem, deixe o outro passar na sua frente no trânsito, dê um lugar na fila para quem está mais apressado, doe uma quantia em dinheiro a quem precisa, compre um presente para as pessoas amadas...
Experimente! Faça o que sempre fez, mas com outra qualidade. Com mais respeito, com mais atenção, mais olho no olho... mais gentileza. Tire o foco de você mesmo, dessa crença de que a coisa mais importante do mundo é a “sua” felicidade.
Comece a prestar mais atenção nas pessoas e, aos poucos - você verá - algo mágico começará a acontecer. Aos poucos o mundo se tornará mais gentil ao seu redor. E o mundo se tornará mais cuidadoso ao seu redor. E surgirão olhos que olharão também em sua direção...
Aah... eu queria saber explicar tudo isso tão melhor mas... vejam... sou imperfeita... resta a minha esperança de que você capte por trás de minhas palavras o seu verdadeiro significado.
Um último aviso (são tantas as armadilhas...). “Fazer o bem” inclui fazer o bem a si mesmo!!!
Não adianta nada querer “fazer o bem” ao outro às custas de abandonar a si próprio. Para muitas pessoas o melhor “bem” que podem fazer é aprender a cuidar melhor de si mesmos, aprender a se respeitar mais, a ser mais gentil com seu próprio ser. Não podemos oferecer o que não temos, não é?



3 comentários:

Miss Borboleta disse...

Olá Mariana :) Adorei o teu blog. É muito optimista, cheio de esperança! Engraçado que és muito parecida com a nossa cantora Sara Tavares :)
Felicidades para ti :)
Encontramo-nos por aqui.

Mariana Sancar disse...

Olá Miss Borboleta! Obrigada pelo comentário..fico feliz que tenha gostado..Estive lendo seus interesses e fiquei curiosa: você é budista? Bom, eu sou, e tem inclusive o marcador Daisaku Ikeda, entre outros, tem algumas filosofias...hehe Beijos querida!

Anônimo disse...

sensacional